sexta-feira, 26 de março de 2010

Ródão

Calma. Sentem-se todos os elementos unir-se num só ao ver a leve névoa pairar sobre o imponente Tejo, em mais um amanhecer perfeito. O sol espreita por entre os montes e colinas no horizonte e os seus raios, que ainda estão preguiçosos, beijam o topo da serra, das casas, das árvores cujas folhas nos ramos carregam com as gotas de orvalho que cairam durante a madrugada. Lá no alto, as aves saúdam o sol, com o seu bater de asas e as suas chamadas pelos mesmos da sua espécie. Ouve-se o silêncio. O silêncio tão forte de um rio que passa e nos leva numa viagem pelo seu leito. É a brisa calma, fresca, matinal que nos acaricia-nos a face, que faz o nosso cabelo esvoaçar levemente e que nos traz a paz interior. É sentada nas margens do rio, na relva daquele cais calmo que penso na magnitude daquilo que me rodeia. Que há algo muito maior que eu. São as serras que nos rodeiam, é o rio que nos acompanha, são as pessoas com quem convivemos, é a Natureza que nos cerca. É aqui que tudo faz sentido para mim, é este o sítio onde encontro a paz e sossego que preciso. É neste lugar que digo, com todo o ar que tenho nos pulmões "Estou em casa.", porque sei que aqui tenho tudo ou mais do que preciso. Há quem precise de ter gente, barulho, cores, movimento, vozes para se sentir bem. Eu não. Aqui tenho a calma, o conforto, a imensidão do silêncio e da segurança que me fazem sentir tão bem. Aqui, posso andar pelas ruas, sem quaisquer medos, apenas para sentir o ar nocturno que me acolhe. Aqui, toda a gente se conhece, mesmo entre gerações. Há amizades que se fazem entre jovens e velhos e que mudam a vida de cada um. Estou certa de que quando aparecem situações em que é necessário assistência, aparece sempre alguém que estende o seu braço amigo sem receio de ajudar. Porque é isso que somos. Uma terra onde toda a gente se ajuda e se dá bem.
A minha terra não é a excepção a alguns preconceitos que possa haver relativamente a terras mais pequenas. Temos a nossa quantidade de gente idosa, mas o que era de nós sem os nossos avós, sem as histórias de antigamente, sem aquela ligação ao passado e que nos fazem ver que evoluímos imenso desde então?
Temos a nossa quantidade de gente "cusca", mas o que sería de nós sem aquela cusquice, sem aquelas senhoras nas janelas das casas das ruas apertadas a contar as novidades umas ás outras? É isso que faz com que sejamos uma terra onde toda a gente se conhece e não há aquele sentimento de "anonimato". Mesmo que não se saiba quem passa por nós na rua, há sempre um "Bom dia!" na boca das gentes desta terra.
Temos a nossa falta(!) de quantidade de comércio aglomerado, quero eu dizer, centros comerciais, bares, discotecas, coisas que atraiam o pessoal jovem. Mas tendo em conta o que havia há uns anos e o que há agora, digo com confiança e orgulho que evoluímos bastante. Temos a nossa Casa de Artes, onde há sessões de cinema semanais e espectáculos conceituados que esgotam rapidamente. Temos o comércio local, que ajuda na regulação da vida das gentes daqui, e onde se reunem as senhoras (e senhores, porque não?) para falar do que se passa na nossa terra. Temos bares (poucos, mas temos) que costumam ter um bom número de gente. Temos a renovação de pessoal, digo, entrada de pessoal jovem, nas associações da vila (bombeiros, partidos, etc...). Sente-se que há a vontade de tornar este cantinho á beira-rio mais dinâmico e acho isso louvável. Até temos o nosso monumento natural, as magníficas Portas de Ródão, nomeadas para uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal.
Podemos ser um pouco isolados, estar longe das grandes cidades, dos sítios onde se passam as coisas, mas isso não quer dizer que sejamos menos que os outros. Somos um povo orgulhoso, que gosta de morar aqui, que quer dinamizar o seu cantinho e nunca o deixar morrer.
Na opinião deste bago de arroz, sempre direi isto e continuarei a dizer até ao dia em que Deus decida que está na minha hora, com o meu último fôlego: "Sou Rodense e tenho orgulho em sê-lo."

domingo, 21 de março de 2010

Eu tinha mesmo de postar isto.


Eu tinha mesmo de postar isto. Rio-me cada vez que vejo isto x)

sábado, 20 de março de 2010

Anúncios inoportunos

Nunca tiveram aquela sensação de que há anúncios televisivos que passam SEMPRE na pior hora possível? Os do Imodium, por exemplo. Não há nada melhor do que estar a comer um bom almoço ou jantar e de repente ouvir falar de diarreia. Mas será que esta gente não bate bem da bola? É que é sempre quando estamos a comer! Outro exemplo é o da Dodot. Há uns dias estava a comer e a ver televisão com uma amiga minha (que continuará anónima) quando passou um reclamo da Dodot. E não é que ela abriu a boca para fazer "Awww, tem um rabinho tão fofinho!", deixou cair a comida da boca e me sujou o sofá todo? Mas porque raio é que as pessoas haviam de querer olhar para o rabo de um bebé!? Nunca ouviram falar de pedófilos minha gente? (Ok, talvez não seja caso para tanto, mas não era eu que punha o rabo do meu filho ou irmão na televisão!) E o trauma do miúdo quando crescer e descobrir que o rabo dele foi mostrado para milhões de pessoas quando era bebé? Coitaditos... Saiu também agora um anúncio que se refere a um creme ou lá o que é para a celulite e no anúncio mostram uma mulher só com umas cuecas e uma t-shirt, a ouvir música e a dançar, quando entra o "suposto" namorado (ah pois, suposto! Sabe-se lá, podia ser um acompanhante que ela contratou ou um stripper que ainda não se tinha despido ou que se esqueceu do uniforme de polícia sexy, porque depois começaram a dançar. Uau, ando a ver demasiados filmes...). Ora, com tudo isto, estava eu com a minha tigela de sopa na mão, sem conseguir comer porque tudo o que se via era o raio das cuecas da mulher enfiadas pelo rego acima e que vinham até ao meio das costas (tal e qual como nos anos 80) e INSISTIAM EM MOSTRAR ESTA IMAGEM! Como é que é suposto uma pessoa ter uma refeição descansada com isto á frente? E qual é a cena de passar os piores reclamos sempre á hora das refeições? Especialemente quando está a família toda reunida á volta da mesa e depois dos ditos anúncios passarem, tudo o que se pode fazer é olhar uns para os outros e encolher os ombros. E há mais, eu é que não me lembro... But not to worry! Quando os apanhar logo descasco neles. Na opinião deste bago de arroz, deviam poupar os telespectadores de tais imagens, ou então mudá-las para um horário mais adequado...tipo aquele em que ninguém vê televisão.

sábado, 13 de março de 2010

Bom espírito

Uma boa almofada. Uns sapatos giros. Häagen-Dazs Dulche de Leche. Conduzir. Brisa quente de Verão. Céu azul. Estrelas á noite. Verão. Skiny jeans. Lareira acesa no inverno. A Mariana. Tremoços. Darth Vader. Azeitonas. Um bom bacalhau assado na brasa. Um sofá confortável. A Cláudia. Um tarde a ver televisão. Família. Pizza. T-shirts. Muse. Ipod. O Rafael. Um bom filme. Pipocas salgadas do cinema. Vila Velha de Ródão. Pastilhas. Boas notas. A Joana. Noites secretas. Fotografias. Recordações. Ter tempo para fazer tudo. Casacos de lã. A Inês. Salada de alface. Rádio. Inglaterra. Mantas quentes no Inverno. Bons sonhos. Música nova. O João. Séries de TV. Ir ao McDrive pela primeira vez e passar o microfone. Swirl de fruta. Comer McNuggets dentro do carro numa estrada escura. Rir. A Rita. Filmes. Festas de Verão. Concertos. Festivais. Doces. Óculos de sol. Areia quente. Amigos. Silêncio. Milhões de coisinhas que fazem este bago de arroz viver os dias de bom humor.

terça-feira, 9 de março de 2010

Infância

Aah sim. Os bons tempos. Os tempos em que não há preocupações, em que nos protegem de tudo, em que há cuidado na maneira como as coisas nos são ditas, em que nos escolhem a roupinha todos os dias, em que nos levam pela mão no primeiro dia de escola e esperam por nós em casa no fim do dia para contarmos tudo. Tenho saudades desses tempos. Ainda me lembro de me levantar ás 6h da manhã para ver os desenhos animados, desde que o canal abria. Agora nem ao meio-dia me consigo levantar! Via todos, de manhã até á noite. A minha avó fazía-me companhia e também os conhecia todos. Lembro-me de comer bolachas a toda a hora, de beber leite com chocolate cujos pacotes tinham desenhos de alunos de todo o país, lembro-me da hora do flúor que eu odiava, lembro-me de que todos eram amigos, todos brincavam uns com os outros. Se alguém se desentendesse, no fim do dia já eram amigos. Lembro-me de dar passeios com a minha avó que me ia buscar á escola, que os nossos pratos favoritos eram coisas tão simples como salsichas com batatas fritas e ovos estrelados. Lembro-me que os trabalhos de casa eram feitos com vontade, que se faziam assim que se chegava a casa. Tenho amigos que foram da minha turma até ao secundário, sempre juntos.
Mas precisamos de crescer. Começam as mentiras, a dor, a traição, os risos falsos, as "facadas" nas costas, o "somos amigos pelas tuas costas"... E isso é mau. A inocência que nos acompanhou até agora vai-se perdendo e tudo o que nos resta é a esperança de que quem conhecemos ainda seja aquela pessoa que sempre conhecemos e que não haja nenhuma "verdade" para vir ao de cima. Na opinião deste bago de arroz, a infância é o melhor tempo de todos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Amigos

Sabem aquelas partes dos filmes em que a personagem principal diz "eu não preciso de amigos, eu estou bem sozinho!" e depois se apercebe que só com amigos é que consegue ultrapassar as dificuldades? Bem, eu poderia argumentar que tudo isso é mentira e que não passa de uma fantasia. Mas sabem que mais? Não o vou fazer. Porque sei que é verdade.
Amigos. O que faríamos sem eles? Amigos são aqueles que nos ouvem cantar fora de tom e ainda nos acompanham numa viagem desafinada pelas notas musicais. Amigos são aqueles que nos apoiam quando o amor da nossa vida nos abandona e nos fazem saber que não estamos sós. Amigos são aqueles que correm a cidade de um lado ao outro para nos fazer companhia a meio da noite. Amigos são aqueles que tentam conter-se para não nos dizer algo e não conseguem. Amigos são aqueles que nos fazem companhia no cinema, nos acompanham nas piadas e risos estúpidos numa sala cheia de gente e não têm vergonha de estar connosco ao fazê-lo. Amigos são aqueles que nos contam coisas sobre a sua vida que os magoa e que nos fazem sentir que somos importantes. Amigos são aqueles que nos fazem bolos de chocolate e escrevem poemas/cartas maravilhosas no nosso aniversário, organizam lanches surpresa e se escondem na dispensa para depois gritar "Parabéns!". Amigos são aqueles que, no fim do dia, nos perguntam se está tudo bem connosco. Amigos são aqueles que nos dão o seu coração nas mais pequenas coisas. A opinião deste bago de arroz é esta: se não houvesse amigos, onde estaríamos nós?

quinta-feira, 4 de março de 2010

Surpresas

Odeio surpresas. Odeio pensar que algo que não sei o que é me vai ser atirado á cara. Porque depois também há a expectativca da pessoa que nos surpreende. A surpresa pode ser pior do que estávamos á espera e pensamos "E agora? O que é que eu faço!?" e só nos sai um sorriso amarelo e um tom de voz muito falso para dizer que gostámos muito. Eu gosto de saber as coisas logo á primeira, ter tudo ás claras. Até porque quando há colaboração para fazer uma surpresa a alguém, há as conversas secretas e os segredinhos, e a pessoa alvo da surpresa sente que está a ser posta de lado em algo importante (acreditem, eu sei!). Mas a coisa que mais gosto é quando a pessoa que faz a surpresa diz "Não gostaste da surpresa...", a pessoa surpreendida responde "Naaaaaão... Eu gostei." quando é ÓBVIO que o tom de voz declara uma mentira e que a pessoa não sabe o que fazer. Na opinião deste bago de arroz, aviso-vos: não me façam surpresas, já sabem o que levam.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Imaginação

Tentei pensar em milhares de assuntos sobre os quais pudesse escrever. Assuntos que me revoltem, assuntos que me façam contente ou triste, assuntos que pudessem gostar de ler. Mas nada. Sinto a cabeça vazia, sem ideias. É como se passasse uma bola de feno constantemente pelo campo deserto que é a minha mente.
Tento pensar, pensar, pensar em algo que possa servir para poder expressar algo importante.
Tento pensar em amor mas de momento não há ninguém que me possa servir de exemplo devido á falta de namorado ou pessoa especial.
Tento pensar em amizade mas os meus amigos não estão ao pé de mim, faltam-me as experiência do dia-a-dia.
Tento pensar em família mas não estou em casa.
Tento pensar no clima político actual mas não percebo nada de política.
Tento pensar no tempo mas a chuva põe-me triste, sem vontade de escrever.
Tento pensar que daqui a 2 dias faço 19 anos mas para mim, a idade não me é importante, é apenas mais um dia.
Tento pensar que tenho de me aplicar nos estudos para não chumbar a mais nenhuma cadeira mas cada vez que penso nisso fico cheia de preguiça e só me apetece dormir.
Tento pensar em dormir mas não tenho sono.
Tento pensar em sonhos mas os meus sonhos são esquecidos assim que acordo.
Tento pensar em música mas ultimamente ouço sempre a mesma coisa.
Tento pensar em comida mas acabei de jantar e não tenho fome.
Tento pensar em séries mas os episódios que têm saído ultimamente não são tão fantásticos como os antigos (á excepção de algumas séries...).
Tento pensar em pobreza mas (felizmente) nunca estive nessa posição para saber como é.
Tento pensar em homens mas estou farta das mesmas piadas estúpidas de sempre.
Tento pensar em tudo e em nada mas tenho a cabeça cheia de vazio.
Mas que hei-de fazer? É apenas a opinião de um bago de arroz...