segunda-feira, 24 de maio de 2010

Cinema

Quem me conhece sabe bem que ver filmes é comigo. Adoro a sensação de entrar numa sala de cinema com o pacote de pipocas e refrigerante enquanto procuro o meu lugar. A ansiedade de ver as primeiras imagens do filme que escolhi ser a minha companhia nesse dia. Claro que a ansiedade é acompanhada pela curiosidade que é avivada pelos trailers, uma das minhas partes favoritas da ida ao cinema (para além de ver o filme em si, é claro). Gosto de saber o que o mundo do grande ecrã tem preparado para mim, quais os próximos que me vão ocupar a mente e o meu tempo em pesquisas sobre eles. Sim, porque faço questão de acompanhar o processo de criação de um filme, gosto de dedicar muito tempo á pesquisa de novos filmes que estejam prontinhos a ser mostrados ao mundo. Para além de todos estes sentimentos que tomam conta de mim assim que ponho os pés em cima do chão coberto de carpete, adoro o momento em que as luzes diminuem e só penso "vai começar, vai começar!", a antecipação e a espectativa em alta para ver um tal filme que já queria ver há algum tempo e que finalmente tive a oportunidade de ver. Sou daquelas pessoas que, quando acompanhadas pelas pessoas certas, é capaz de tornar uma ida ao cinema divertida, principalmente porque comento a maior parte do filme mas claro se o filme não valer a pena ou apenas porque o humor e a companhia sugerem uma posição diferente na sala de cinema.
Como já disse, pesquiso muito acerca de novos filmes. Mas gosto também de me instruir, de procurar acerca de filmes que já sairam há algum tempo e que revolucionaram a indústria cinematográfica. Não posso dizer que sou especialista em filmes antigos, em masterpieces, porque se o fizesse estaria a mentir. Há filmes muito falados, que são citados imensas vezes, que são exemplos para tudo e todos, que eu nunca vi. Sabem, é que eu só posso ver um certo tipo de filmes. Filmes de terror ou qualquer tipo relacionado (que assuste ou nos deixe com medo até de olhar para os lados) estão fora de questão. Não consigo ver este tipo de filmes, sou demasiado "sensível" para os ver. De resto, penso que todos os outros géneros são aceitáveis.
Possuo imensos filmes e, com muita pena minha, por vezes não tenho tempo de os ver a todos. Ou então aborreço-me a início e perco todo o interesse, até com filmes que me foram recomendados com muito fulgor. É que para mim é necessário criar um "chamariz", algo que me prenda a atenção desde o início. Senão, nem valia a pena ter pegado no filme. Há imensos filmes que estou ansiosa por ver e há muitos mais que já vi e que recomendo a todos aqueles que me falam do filme ou que simplesmente me pedem nomes de filmes que ache a pena ver.
Fascina-me este mundo. Em que a partir de uma folha de papel em branco surge algo que facilmente pode mudar a vida de alguém, desde uma frase que ficou para a história, como uma cena que é repetida por todos, até á história retratada no filme que alguém que o viu achou que se identificava consigo. É tão simplesmente assim. E por vezes nem é preciso um enorme orçamento para fazer um bom filme que fique para a história.
O que quero dizer com tudo isto? Quero aconselhar-vos a irem ao cinema. Eu sei que por vezes não há tempo devido á azáfama da vida quotidiana que não vos dá descanso. Mas em vez de ficarem em casa a ver programas ridículos na televisão quando têm um dia ou dois livres, saiam e vão ao cinema. Nem é preciso saberem que filme vão ver, basta chegarem á bilheteira e escolher um filme no momento. Asseguro-vos que é um muito melhor escape á vida quotidiana do que ficar em casa e que vão sair da sala muito mais animados, leves e frescos, com outra visão das coisas. E com a barriga cheia, caso tenham levado pipocas.

sábado, 8 de maio de 2010

Anúncios II

Pois é. Como passo MUITO tempo a ver televisão, é normal que repare em certos anúncios e nos seus pormenores. Eu disse que não tinha acabado de falar deles!
Vamos começar com o anúncio do Lipton Ice Tea, aquele que tem o Hugh Jackman. A primeira vez que este reclamo pensei "Mas que raio...!?". Nem acredito que ele fez isto. MEU, TU ÉS O WOLVERINE! Não podes andar por aí a dançarolar no meio dos hotéis num anúncio a ice tea, ainda por cima com uma música horrível. A sério, toda a minha credibilidade no Wolverine foi abalada no primeiro segundo que vi isto. Mesmo assim, continuo a gostar do senhor. É bastante jeitoso, é bom actor e até canta bem, por isso vou deixar passar. Mas não voltes a fazer!!
Em segundo lugar, reparei nos anúncios a carros novos que saem no mercado. Já repararam que estão sempre a andar em estradas onde mais nenhum carro anda? Só se vê aquele carro, nenhum carro se cruza com ele. Porque será? Será que os donos do carro pensam que só eles é que podem ver o carro novo, mais nenhum ser humano pode visualizar a nova máquina lançada para o mercado? Mas não! Apareceu um helicóptero que filmou o carro a andar na estrada solitária e meteu-o num anúncio! HAHA! Bem feito, é para a próxima não serem egoístas. Será que o condutor do carro pensa "Porra, já nos apanharam!" e depois começa a acelerar para fugir ao helicóptero, o que nos dá a impressão de ser um carro novo bastante potente? Quem sabe...
De seguida, os anúncios a perfumes. O que é que se passa com aquela gente? Nunca vi um anúncio a perfume ter alguma coisa a ver com O perfume. Sempre que começo a ver um reclamo que nunca vi e que vejo que não tem sentido nenhum penso "Olha, mais um perfume". E não é que acerto sempre? O que é que uma mulher deitada no chão com o sol a aparecer num fundo da imagem tem a ver com um perfume? E cada vez são mais sexuais, é só gente aos beijos, todos despidos, a "acariciarem-se". Por amor de Deus, controlem lá essa actividade toda, é só um perfume.
Depois disto, vem o anúncio da Geox. É preciso dizer alguma coisa? Sapatos que respiram? A sério!? O anúncio faz parecer com que estejam a vender ferros de engomar com a forma de um sapato! Já viram a quantidade de vapor que sai de lá? No meu tempo, só saía de lá mau cheiro e areia de quando vinha do parque infantil mas agora já sai vapor. Sim senhora, onde esta geração já anda....
Por fim, temos o anúncio do Danacol, aquele com o Marco Paulo. Para isso, só tenho uma coisa a dizer: "O Marco Paulo tinha colesterol, mas agora... tem um "maravilhoso coração."". AHAHAHAHAHAH! Percebem? Porque ele tem uma música chamada "Maravilhoso Coração". Esta inventei eu.
E por agora é tudo. Quando apanhar mais pormenores interessantes, os direi.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mente livre

Gosto de imaginar. Fantasiar. Quer esteja a falar com alguém ou calada a ver alguma coisa. Ou até a fazer nada. A minha mente nunca está sossegada, quieta, em descanso. E na maior parte das vezes, crio cenários tão ridículos que não consigo parar, como se a minha imaginação tivesse vontade própria e não deixasse aquele devaneio parar até chegar ao absoluto ridículos, que não me deixa alternativa senão rir-me do que acabei de "ver" assim que volto ao mundo real.
Para quem vê Scrubs (aka Médicos e Estagiários) é fácil perceber o que estou a dizer. É tal e qual as fantasias do JD, excepto não tão awesome como as dele. E nessas alturas, não vale a pena falarem comigo. Podem estar a dizer-me a coisa mais importante do mundo, o maior segredo de sempre ou mesmo a dizer-me a coisa mais banal de todas, eu não vou ouvir. Nem ver. É como se o meu cérebro desligasse os meus olhos e pusesse uma televisão mental á minha frente e tudo o que vejo são as imagens que estou a imaginar. Literalmente. Não vale a pena. Sempre que entro no meu mundo, no meu canto infinito onde posso ser quem quiser, não há ligação com o mundo real. E assim que "desperto" dou por mim a perguntar-me a mim própria "O que é que aconteceu? Não vi nada..." ou "O que é que disseste?".
Ali posso ser quem quero, fazer o que quero, fazer acontecer o que quero e nada nem ninguém me pode impedir. Porque sou eu que mando aqui! Sou eu que digo quando parar, quando é demais ou quando ainda há algo mais para ver. Posso estar na rua, em casa, a falar com alguém, a comer, a dormir, nas aulas, a ver um jogo de ténis, não há como me parar.
Gosto de imaginar que quando estou a caminhar na rua a ouvir música, estou no vídeo da música, como se o videoclip fosse sobre mim. E é engraçado ver a pessoas na rua a passar por mim, a olhar, enquanto eu dou saltinhos no meio do passeio, para a estrada. Como o meu andar combina com o compasso da música mas ninguém ao meu redor sabe disso porque só eu ouço a música, o que torna a minha fantasia bem real.
Gosto de imaginar que um dia aquele de quem gosto vai dar o primeiro passo, que vamos passar dias juntos, ser felizes juntos. Vejo pequenas cenas na nossa vida juntos que nos tornam mais unidos e que me fazem sorrir, mesmo que haja gente a ver e não saiba porque me estou a rir sozinha.
Gosto de imaginar cenas de acção quando estou num sítio aborrecido, em que sou a heroína. Faço uns saltos mega-ninja e dou cabo de toda a gente, digo uma frase poderosa no fim e saio com um montão des estilo, enquanto toda a gente olha pra mim. Ou mesmo que estou numa banda e que toda a gente fica boquiaberta com a nossa performance.
Gosto de imaginar as coisas mais banais, mais simples e estúpidas, como ver alguém tirar macacos do nariz e as consequências disso, ver alguém cair das escadas ou da cama, e por aí fora... Coisas tão ridículas que me fazem rir sozinha e ter de dar uma desculpa esfarrapada a quem me pergunta do que me estou a rir. Já calhou até deixar sair um "NÃO!" e reparar que toda a gente está a olhar para nós com os olhos esbugalhados e nós soltamos um sorriso amarelo, acompanhado de um corar horrivelmente vermelho.
Na opinião deste bago de arroz, é ÓPTIMO imaginar.

domingo, 18 de abril de 2010

Dias Não

Sabem aqueles dias em só pensam "Porque é que eu saí da cama?" ? São do pior. Parece que toda a gente nesse dia é defensora do "dia-internacional-de-me-chatear-por-tudo-e-por-nada". Pode começar pelo mais pequeno pormenor como o despertador não tocar ou não haver leite no frigorífico. Parece que é aquele pequeno detalhe que vai despoletar uma cadeia de eventos que nos vão massacrar até á hora em que enfiamos a cabeça na almofada na esperança de acordar num novo dia diferente deste.
É aquele acordar preguiçoso que nos custa tanto, a diferença de temperatura entre o quarto e os lençóis que nos faz tiritar e baixar o grau de humor que irá definir o dia. É aquela camisola que pensava em vestir e que não se encontra e que depois é descoberta no meio da roupa suja que nos esquecemos de pôr a lavar. É a manteiga que se acabou e então come-se pão com pão, porque o leite também se acabou e não se pode fazer sopas de pão. É o sair de casa atrasado porque ficámos demasiado tempo á procura da camisola e tivemos de experimentar umas poucas até achar um conjunto camisola-calças-ténis que ficasse bem conjugado e porque o cabele decidiu dificultar-nos a vida nesse dia e ficou aquela pontinha espetada que insiste em não ser domada pelas carradas de laca e gel que já empastam aquele bocadinho de cabelo. É perder-se a boleia e o autocarro porque saimos de casa atrasados e temos de nos contentar com o passo apressado pela rua acima, ofegantes e com a vestimenta a ficar maltrapilhada porque a mochila roça na camisola e puxa-a para cima. É chegar á escola com o nariz e as bochechas mais vermelhos que um tomate e ainda ficar a respirar fundo quando nos sentamos nas cadeiras, fazendo com que toda a gente olhe para nós. É aquela resposta torta do professor e o gozo dos colegas porque respondemos mal a uma questão ou porque a caneta que estávamos a morder se rebentou e ficámos com a boca azul ou porque o telemóvel tocou ou porque as pastilhas cairam do bolso e se espalharam todas pelo chão da sala. É haver uma fila enorme no bar, estarmos esfomeados porque ao pequeno-almoço comemos pão-com-pão e já passar da hora de entrada para a aula seguinte. É o facto de o professor nos fazer sair mais tarde porque tinha muita matéria para dar e já cheirar á comida do refeitório porque já é hora de almoço. É não haver aquela sobremesa que queremos porque quem está á nossa frente na fila levou a última. É espalhar o arroz pela mesa e pelos tabuleiros dos colegas porque o bife era duro, fizemos muita força para o cortar e a faca escorregou. É não conversar na hora do café depois de almoço porque o assunto que está a ser discutido não nos diz respeito ou não percebemos muito do assunto. É ficarmos chateados com os nossos amigos pelas coisinhas mais estúpidas de sempre, ás vezes até por coisas que fazemos todos os dias mas que hoje em particular nos incomodaram .É ir para casa sozinho e ser seguido por um cão que não pára de rosnar e nos quer morder. É chegar a casa encharcado porque estava sol de manhã e começou a chover e não levámos guarda-chuva. É querer tomar banho mas a água estar a faltar. É querer jantar mas não nos apetecer nada do que temos no frigorífico ou na despensa. É querermos sair á noite mas não termos dinheiro e termos de ficar em casa ou a estudar ou a ver um filme, sozinhos, tendo noção da tristeza e decadência do facto de estarmos sozinhos enquanto toda a gente está na rua a divertir-se.
E é então chega a tão desejada hora. Aquela em que o cansaço de um dia stressante e rabugento nos ataca de tal forma que o corpo descai na cama de uma forma tão perfeita que achamos que é mentira. "Hmmmm, sabe mesmo bem." É a única coisa de que estamos certos neste dia. Fechamos os olhos e sonhamos, sonhamos, sonhamos... Toca o despertador. Sim, ele tocou. Parece que afinal o novo dia já é um pouquinho melhor.

sábado, 17 de abril de 2010

Solidão

Ás vezes, sento-me num canto. Isolada, sem contacto com o mundo exterior, sem sons, sem luz. Apenas num canto escuro, sozinha com os meus pensamentos. E penso. Rebusco o mais fundo da minha mente, da minha consciência. Percorro as minhas memórias, os mais ínfimos pormenores de cada momento vivido. E quando abro os olhos, estou lá. Rodeada por aqueles que participam no espectáculo que é a vida. E é então que reparo que mesmo que uma multidão me rodeie, por mais amigos que tenha, estou sozinha. Vejo a acção desenrolar-se á minha volta sem ter um segundo de participação nela. Vejo risos, piadas, lágrimas, mãos dadas, partilha de sentimentos e palavras. E tudo fica lento, como se vê nos filmes. Vejo tudo á minha volta a ocorrer em câmara lenta e sinto-me a pressão de momento. A alegria e regojizo dos outros é como uma luz brilhante que me ofusca e me impede de ver aquilo que está mesmo á minha frente. As suas caras aproximam-se mais e mais e mais, começam a deformar-se e tornam-se sinistras. De repente...nada. Tudo escuro. Fecho os olhos com muita força e mando um grito de pânico, revolta e liberdade. As ondas sonoras que liberto e que provêm do mais puro ar que tenho nos pulmões afastam as caras que se afastam com gritos e a luz volta. Abro os olhos. Estou no meu canto outra vez. No canto que eu chamo meu, onde ninguém pode dizer que é mais feliz que eu. Onde visito os demónios que todos os dias me agonizam, que me fazem sentir ignorada e sozinha. É ali que os venço, é aqui venço a guerra! Olho o meu campo de batalha vazio, onde vejo aliados e inimigos no chão, despedaçados, e eu sou a única de pé, com ar nos pulmões. Apesar de cansada, rio. Porque sei que sou invencível!
De repente, uma voz. Saio do meu canto, abro a porta que mantém o quarto escuro, entro no longo corredor que me leva á voz e fecho a porta. A voz que ouço fica é cada vez mais distinguível e percebo agora claramente o que diz.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Basta

Chega. Chega de noites sem dormir a pensar em ti. Chega de movimentos subtis, que espero que detectes porque são pequenas demonstrações do que sinto por ti. Já estou farta de fazer figura de parva, de ter esperanças num rapaz que não passa de um miúdo sem classe e um pingo de consciência. Lá porque achas que és um deus grego (que te deva dizer, não és) e pensares que és um puto numa loja de doces e que podes escolher as raparigas que "merecem" a tua atenção, isso não te dá o direito de seres ignorante e ter atitudes altivas perante aqueles que são devotos a ti e não demorariam uma fracção de segundo a saltar-te para os braços caso lhes pedisses. Porque é desse pedestal bem alto onde te pões que vais cair e não vou estar lá para amparar a queda. Vai doer e eu vou-me rir bem alto quando todas as cabras de que te fazes rodear virem como és realmente e te deixarem sozinho. E vou pagar bilhete, comprar pipocas e assistir na primeira fila ao espectáculo que vai ser a tua vida social desmoronar-se.
Chega de dias e dias a ouvir músicas melancólicas porque não há paciência para ouvir músicas que está tudo bem, que a vida é um máximo e que vamos ser felizes pra sempre. Porque está na altura de levantar a cabeça, e dizer-te na cara: "Não és nada pra mim senão lixo, restos do que uma vez pensei ser um ser humano.".
Chega de conversas deprimentes com os MEUS amigos, sempre sobre ti e ouvir frases de força que eu sei que não fazem efeito nenhum, porque não há esperança que algo aconteça entre nós. Não quero envolver aqueles que me querem bem no teu remoinho de mentiras e estupidez para onde arrastas todos aqueles que são demasiado fracos para olhar para fora do campo de visão reduzido que lhes pões em frente. Sim, eu fui melhor que tu e soube olhar para o lado e dizer "a vista deste lado é bem mais agradável.".
Chega de virares a cara cada vez que me vês olhar pra ti e não tens a decência de retribuir nem que seja um simples sorriso a quem tanto faz por te ver sorrir. A simpatia e compaixão já se esgotaram deste lado, por isso não esperes um ombro amigo ou uma palavra carinhosa quando precisares. Porque tu não estavas lá quando eu precisei.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ligações

São lixadas, não são?
A emoção de descobrir coisas novas sobre alguém que acabamos de conhecer, recolher todas as características que a fazem ser quem é e apaixonar-nos por elas. É a dependência e o desespero pela aprovação dos outros que nos fazem duvidar de nós, de que as nossas qualidades possam ser ofuscadas pelos nossos defeitos.
É aquele revirar do estômago, as borboletas que sentimos quando aquele-que-nos-é-especial a chegar lá ao fundo da rua e assim que o vemos, já imaginamos toda a conversa, o que dizer, o que não dizer, para que tudo corra da melhor maneira. Mas por vezes nem isso ajuda. O nervosismo, a ansiedade, o desejo e a alegria apoderam-se de nós e fazem-nos passar pelas situações mais ridículas que podemos passar.
É pensar nele a toda a hora, imaginar quando é que ele vai reparar que eu estou ali, á frente dele, a desejá-lo, a querer um pouco mais que um "Olá". É querer aquele toque inocente nas costas ou na perna que resulta numa troca de olhares estranhos e atrapalhados e que nos fazem saber que talvez ele não me seja completamente indiferente.
São as várias interpretações que uma mensagem de texto tão simples como "Olá, tudo bem?" pode ter para nós, mas que no fundo significam apenas "Olá, tudo bem?". Há a necessidade de saber que o nosso desejo é correspondido, e no entretanto, a frustração que é maior que tudo não nos deixa pensar direito. Faz-nos ver tudo turvo, diferente do que realmente é.
Faz-nos querer ir sozinha na rua para poder pensar bem no que se vai fazer antes de ir ter com ele. Faz-nos desabafar ao nosso melhor amigo coisas que nunca dissemos a ninguém a não ser nós próprios, como as nossas esperanças, assim como opiniões sobre atitudes que o nosso "tal" teve para connosco. Porque precisamos de saber pelos outros que não estamos sozinhos. Queremos sentir que talvez haja uma réstia de esperança, mesmo que sejamos o mais infeliz dos seres.
Na opinião deste bago de arroz, as ligações são bem lixadas. Mas sem elas não haveria emoção.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ródão

Calma. Sentem-se todos os elementos unir-se num só ao ver a leve névoa pairar sobre o imponente Tejo, em mais um amanhecer perfeito. O sol espreita por entre os montes e colinas no horizonte e os seus raios, que ainda estão preguiçosos, beijam o topo da serra, das casas, das árvores cujas folhas nos ramos carregam com as gotas de orvalho que cairam durante a madrugada. Lá no alto, as aves saúdam o sol, com o seu bater de asas e as suas chamadas pelos mesmos da sua espécie. Ouve-se o silêncio. O silêncio tão forte de um rio que passa e nos leva numa viagem pelo seu leito. É a brisa calma, fresca, matinal que nos acaricia-nos a face, que faz o nosso cabelo esvoaçar levemente e que nos traz a paz interior. É sentada nas margens do rio, na relva daquele cais calmo que penso na magnitude daquilo que me rodeia. Que há algo muito maior que eu. São as serras que nos rodeiam, é o rio que nos acompanha, são as pessoas com quem convivemos, é a Natureza que nos cerca. É aqui que tudo faz sentido para mim, é este o sítio onde encontro a paz e sossego que preciso. É neste lugar que digo, com todo o ar que tenho nos pulmões "Estou em casa.", porque sei que aqui tenho tudo ou mais do que preciso. Há quem precise de ter gente, barulho, cores, movimento, vozes para se sentir bem. Eu não. Aqui tenho a calma, o conforto, a imensidão do silêncio e da segurança que me fazem sentir tão bem. Aqui, posso andar pelas ruas, sem quaisquer medos, apenas para sentir o ar nocturno que me acolhe. Aqui, toda a gente se conhece, mesmo entre gerações. Há amizades que se fazem entre jovens e velhos e que mudam a vida de cada um. Estou certa de que quando aparecem situações em que é necessário assistência, aparece sempre alguém que estende o seu braço amigo sem receio de ajudar. Porque é isso que somos. Uma terra onde toda a gente se ajuda e se dá bem.
A minha terra não é a excepção a alguns preconceitos que possa haver relativamente a terras mais pequenas. Temos a nossa quantidade de gente idosa, mas o que era de nós sem os nossos avós, sem as histórias de antigamente, sem aquela ligação ao passado e que nos fazem ver que evoluímos imenso desde então?
Temos a nossa quantidade de gente "cusca", mas o que sería de nós sem aquela cusquice, sem aquelas senhoras nas janelas das casas das ruas apertadas a contar as novidades umas ás outras? É isso que faz com que sejamos uma terra onde toda a gente se conhece e não há aquele sentimento de "anonimato". Mesmo que não se saiba quem passa por nós na rua, há sempre um "Bom dia!" na boca das gentes desta terra.
Temos a nossa falta(!) de quantidade de comércio aglomerado, quero eu dizer, centros comerciais, bares, discotecas, coisas que atraiam o pessoal jovem. Mas tendo em conta o que havia há uns anos e o que há agora, digo com confiança e orgulho que evoluímos bastante. Temos a nossa Casa de Artes, onde há sessões de cinema semanais e espectáculos conceituados que esgotam rapidamente. Temos o comércio local, que ajuda na regulação da vida das gentes daqui, e onde se reunem as senhoras (e senhores, porque não?) para falar do que se passa na nossa terra. Temos bares (poucos, mas temos) que costumam ter um bom número de gente. Temos a renovação de pessoal, digo, entrada de pessoal jovem, nas associações da vila (bombeiros, partidos, etc...). Sente-se que há a vontade de tornar este cantinho á beira-rio mais dinâmico e acho isso louvável. Até temos o nosso monumento natural, as magníficas Portas de Ródão, nomeadas para uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal.
Podemos ser um pouco isolados, estar longe das grandes cidades, dos sítios onde se passam as coisas, mas isso não quer dizer que sejamos menos que os outros. Somos um povo orgulhoso, que gosta de morar aqui, que quer dinamizar o seu cantinho e nunca o deixar morrer.
Na opinião deste bago de arroz, sempre direi isto e continuarei a dizer até ao dia em que Deus decida que está na minha hora, com o meu último fôlego: "Sou Rodense e tenho orgulho em sê-lo."

domingo, 21 de março de 2010

Eu tinha mesmo de postar isto.


Eu tinha mesmo de postar isto. Rio-me cada vez que vejo isto x)

sábado, 20 de março de 2010

Anúncios inoportunos

Nunca tiveram aquela sensação de que há anúncios televisivos que passam SEMPRE na pior hora possível? Os do Imodium, por exemplo. Não há nada melhor do que estar a comer um bom almoço ou jantar e de repente ouvir falar de diarreia. Mas será que esta gente não bate bem da bola? É que é sempre quando estamos a comer! Outro exemplo é o da Dodot. Há uns dias estava a comer e a ver televisão com uma amiga minha (que continuará anónima) quando passou um reclamo da Dodot. E não é que ela abriu a boca para fazer "Awww, tem um rabinho tão fofinho!", deixou cair a comida da boca e me sujou o sofá todo? Mas porque raio é que as pessoas haviam de querer olhar para o rabo de um bebé!? Nunca ouviram falar de pedófilos minha gente? (Ok, talvez não seja caso para tanto, mas não era eu que punha o rabo do meu filho ou irmão na televisão!) E o trauma do miúdo quando crescer e descobrir que o rabo dele foi mostrado para milhões de pessoas quando era bebé? Coitaditos... Saiu também agora um anúncio que se refere a um creme ou lá o que é para a celulite e no anúncio mostram uma mulher só com umas cuecas e uma t-shirt, a ouvir música e a dançar, quando entra o "suposto" namorado (ah pois, suposto! Sabe-se lá, podia ser um acompanhante que ela contratou ou um stripper que ainda não se tinha despido ou que se esqueceu do uniforme de polícia sexy, porque depois começaram a dançar. Uau, ando a ver demasiados filmes...). Ora, com tudo isto, estava eu com a minha tigela de sopa na mão, sem conseguir comer porque tudo o que se via era o raio das cuecas da mulher enfiadas pelo rego acima e que vinham até ao meio das costas (tal e qual como nos anos 80) e INSISTIAM EM MOSTRAR ESTA IMAGEM! Como é que é suposto uma pessoa ter uma refeição descansada com isto á frente? E qual é a cena de passar os piores reclamos sempre á hora das refeições? Especialemente quando está a família toda reunida á volta da mesa e depois dos ditos anúncios passarem, tudo o que se pode fazer é olhar uns para os outros e encolher os ombros. E há mais, eu é que não me lembro... But not to worry! Quando os apanhar logo descasco neles. Na opinião deste bago de arroz, deviam poupar os telespectadores de tais imagens, ou então mudá-las para um horário mais adequado...tipo aquele em que ninguém vê televisão.

sábado, 13 de março de 2010

Bom espírito

Uma boa almofada. Uns sapatos giros. Häagen-Dazs Dulche de Leche. Conduzir. Brisa quente de Verão. Céu azul. Estrelas á noite. Verão. Skiny jeans. Lareira acesa no inverno. A Mariana. Tremoços. Darth Vader. Azeitonas. Um bom bacalhau assado na brasa. Um sofá confortável. A Cláudia. Um tarde a ver televisão. Família. Pizza. T-shirts. Muse. Ipod. O Rafael. Um bom filme. Pipocas salgadas do cinema. Vila Velha de Ródão. Pastilhas. Boas notas. A Joana. Noites secretas. Fotografias. Recordações. Ter tempo para fazer tudo. Casacos de lã. A Inês. Salada de alface. Rádio. Inglaterra. Mantas quentes no Inverno. Bons sonhos. Música nova. O João. Séries de TV. Ir ao McDrive pela primeira vez e passar o microfone. Swirl de fruta. Comer McNuggets dentro do carro numa estrada escura. Rir. A Rita. Filmes. Festas de Verão. Concertos. Festivais. Doces. Óculos de sol. Areia quente. Amigos. Silêncio. Milhões de coisinhas que fazem este bago de arroz viver os dias de bom humor.

terça-feira, 9 de março de 2010

Infância

Aah sim. Os bons tempos. Os tempos em que não há preocupações, em que nos protegem de tudo, em que há cuidado na maneira como as coisas nos são ditas, em que nos escolhem a roupinha todos os dias, em que nos levam pela mão no primeiro dia de escola e esperam por nós em casa no fim do dia para contarmos tudo. Tenho saudades desses tempos. Ainda me lembro de me levantar ás 6h da manhã para ver os desenhos animados, desde que o canal abria. Agora nem ao meio-dia me consigo levantar! Via todos, de manhã até á noite. A minha avó fazía-me companhia e também os conhecia todos. Lembro-me de comer bolachas a toda a hora, de beber leite com chocolate cujos pacotes tinham desenhos de alunos de todo o país, lembro-me da hora do flúor que eu odiava, lembro-me de que todos eram amigos, todos brincavam uns com os outros. Se alguém se desentendesse, no fim do dia já eram amigos. Lembro-me de dar passeios com a minha avó que me ia buscar á escola, que os nossos pratos favoritos eram coisas tão simples como salsichas com batatas fritas e ovos estrelados. Lembro-me que os trabalhos de casa eram feitos com vontade, que se faziam assim que se chegava a casa. Tenho amigos que foram da minha turma até ao secundário, sempre juntos.
Mas precisamos de crescer. Começam as mentiras, a dor, a traição, os risos falsos, as "facadas" nas costas, o "somos amigos pelas tuas costas"... E isso é mau. A inocência que nos acompanhou até agora vai-se perdendo e tudo o que nos resta é a esperança de que quem conhecemos ainda seja aquela pessoa que sempre conhecemos e que não haja nenhuma "verdade" para vir ao de cima. Na opinião deste bago de arroz, a infância é o melhor tempo de todos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Amigos

Sabem aquelas partes dos filmes em que a personagem principal diz "eu não preciso de amigos, eu estou bem sozinho!" e depois se apercebe que só com amigos é que consegue ultrapassar as dificuldades? Bem, eu poderia argumentar que tudo isso é mentira e que não passa de uma fantasia. Mas sabem que mais? Não o vou fazer. Porque sei que é verdade.
Amigos. O que faríamos sem eles? Amigos são aqueles que nos ouvem cantar fora de tom e ainda nos acompanham numa viagem desafinada pelas notas musicais. Amigos são aqueles que nos apoiam quando o amor da nossa vida nos abandona e nos fazem saber que não estamos sós. Amigos são aqueles que correm a cidade de um lado ao outro para nos fazer companhia a meio da noite. Amigos são aqueles que tentam conter-se para não nos dizer algo e não conseguem. Amigos são aqueles que nos fazem companhia no cinema, nos acompanham nas piadas e risos estúpidos numa sala cheia de gente e não têm vergonha de estar connosco ao fazê-lo. Amigos são aqueles que nos contam coisas sobre a sua vida que os magoa e que nos fazem sentir que somos importantes. Amigos são aqueles que nos fazem bolos de chocolate e escrevem poemas/cartas maravilhosas no nosso aniversário, organizam lanches surpresa e se escondem na dispensa para depois gritar "Parabéns!". Amigos são aqueles que, no fim do dia, nos perguntam se está tudo bem connosco. Amigos são aqueles que nos dão o seu coração nas mais pequenas coisas. A opinião deste bago de arroz é esta: se não houvesse amigos, onde estaríamos nós?

quinta-feira, 4 de março de 2010

Surpresas

Odeio surpresas. Odeio pensar que algo que não sei o que é me vai ser atirado á cara. Porque depois também há a expectativca da pessoa que nos surpreende. A surpresa pode ser pior do que estávamos á espera e pensamos "E agora? O que é que eu faço!?" e só nos sai um sorriso amarelo e um tom de voz muito falso para dizer que gostámos muito. Eu gosto de saber as coisas logo á primeira, ter tudo ás claras. Até porque quando há colaboração para fazer uma surpresa a alguém, há as conversas secretas e os segredinhos, e a pessoa alvo da surpresa sente que está a ser posta de lado em algo importante (acreditem, eu sei!). Mas a coisa que mais gosto é quando a pessoa que faz a surpresa diz "Não gostaste da surpresa...", a pessoa surpreendida responde "Naaaaaão... Eu gostei." quando é ÓBVIO que o tom de voz declara uma mentira e que a pessoa não sabe o que fazer. Na opinião deste bago de arroz, aviso-vos: não me façam surpresas, já sabem o que levam.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Imaginação

Tentei pensar em milhares de assuntos sobre os quais pudesse escrever. Assuntos que me revoltem, assuntos que me façam contente ou triste, assuntos que pudessem gostar de ler. Mas nada. Sinto a cabeça vazia, sem ideias. É como se passasse uma bola de feno constantemente pelo campo deserto que é a minha mente.
Tento pensar, pensar, pensar em algo que possa servir para poder expressar algo importante.
Tento pensar em amor mas de momento não há ninguém que me possa servir de exemplo devido á falta de namorado ou pessoa especial.
Tento pensar em amizade mas os meus amigos não estão ao pé de mim, faltam-me as experiência do dia-a-dia.
Tento pensar em família mas não estou em casa.
Tento pensar no clima político actual mas não percebo nada de política.
Tento pensar no tempo mas a chuva põe-me triste, sem vontade de escrever.
Tento pensar que daqui a 2 dias faço 19 anos mas para mim, a idade não me é importante, é apenas mais um dia.
Tento pensar que tenho de me aplicar nos estudos para não chumbar a mais nenhuma cadeira mas cada vez que penso nisso fico cheia de preguiça e só me apetece dormir.
Tento pensar em dormir mas não tenho sono.
Tento pensar em sonhos mas os meus sonhos são esquecidos assim que acordo.
Tento pensar em música mas ultimamente ouço sempre a mesma coisa.
Tento pensar em comida mas acabei de jantar e não tenho fome.
Tento pensar em séries mas os episódios que têm saído ultimamente não são tão fantásticos como os antigos (á excepção de algumas séries...).
Tento pensar em pobreza mas (felizmente) nunca estive nessa posição para saber como é.
Tento pensar em homens mas estou farta das mesmas piadas estúpidas de sempre.
Tento pensar em tudo e em nada mas tenho a cabeça cheia de vazio.
Mas que hei-de fazer? É apenas a opinião de um bago de arroz...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Asneiras

Se há coisa que me irrita é quando estou ao pé de alguém que manda umas poucas de asneiras sem razão nenhuma. Ainda percebo quando alguém está zangado, triste, quando está com dores, ou até mesmo muito contente, é normal soltar umas palavras que, vá, não são bem aceites no contexto social. Mas quando por razão nenhuma se ouvem uns alhos e bogalhos a sair da boca de alguém, não fica bem. No outro dia, estava com uns amigos e havia um rapaz que em cada frase, dizia umas 3 asneiras. Não é bonito. Sei que há gente que não quer saber disso, que acha que é livre de dizer o que quiser mas porquê asneiras? Se não são bem aceites, porque não dizer "caraças!" ou "bolas!" ou "caramba!"? Não custa nada e não fica tão mal.
Outra coisa que me impressiona é capacidade de elevar a voz que certas pessoas têm. Uma pessoa uma vez disse-me "Quando alguém levanta a voz, é porque perdeu a razão.". Sempre gostei desta frase. Acho que vou começar a falar normalmente quando estiver a discutir com alguém. É capaz de ser interessante. Mas isto é apenas a opinião de um bago de arroz...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Partilha

Há certa de 3 anos, entrei para o ensino secundário. Conhecia apenas os meus colegas do ensino básico e continuei na companhia daqueles que foram para a mesma escola que eu. Penso que de início não me encaixava na minha turma, considerava os meus colegas um pouco convencidos e como já todos se conheciam, sentia-me posta de parte visto não conhecer ninguém na minha turma. Confesso que não faço amigos facilmente. Requer muito tempo, paciência e a pessoa em questão tem que partilhar a maior parte dos meus ideais. Uau, será que sou daquelas pessoas que tem uma lista e só se permite aproximar de alguém caso vá de encontro a maior parte dos seus requisitos? Acho que não, apenas penso que, como qualquer pessoa, fazemos amizades com quem nos identificamos e que partilha os mesmos interesses que nós próprios. Anyway, lembro-me perfeitamente de uma aula de matemática em que tínhamos que fazer grupos e conjugar umas peças de modo a criar algo que já não me recordo (contradição?), fiquei com duas colegas e um colega que já se conheciam e portanto senti-me um pouco de fora do “projecto”. Viria o destino vir a sentar-nos juntos muitas vezes nas aulas, referindo-me ao colega. Foi a primeira pessoa (talvez tenha havido simpatia por parte de outros colegas mas considero este meu colega o primeiro) que falou comigo. Pediu o meu endereço de e-mail e pensei “parece que afinal já não vou ser anti-social até ao fim do ano”. Apesar de não ter expressado alguma emoção parecida, fiquei extasiada com este pedido. Finalmente havia alguém que se interessava em mim! Os dias passaram, as conversas foram acontecendo e os interesses foram partilhados. Este meu colega mostrou-me coisas que até então me eram totalmente desconhecidas, mostrou-me coisas que ainda hoje estão sempre comigo. Apresentou-me aos seus amigos (também meus colegas de turma), alguns dos quais foram a minha companhia durante os todos os meus anos no ensino secundário, amigos que nunca irei esquecer, aqueles que nos ficam na memória. Foi este meu colega que me deu horas de alegria com conversas sobre séries, música, filmes, pessoas, até á mais estúpida parvoíce. Com o passar dos anos, tornámo-nos muito próximos. Partilhámos coisas íntimas, coisas que apenas nós os dois sabemos sobre o outro. Coisas que fazem deste meu amigo a pessoa que talvez me conheça melhor. Foi ele que sacrificou horas de sono matinais para poder fazer-me companhia nos tempos em que tínhamos furos no horário. Foi com ele que fiquei até às 6h da manhã á espera do comboio e que bebemos suminho de laranja na casa da tia dele e que falámos de coração aberto, sem preconceito, indiscrições ou vergonha do que o outro pode pensar. Foi com ele que dei as maiores gargalhadas, que tive as conversas mais sérias, que desabafei e ouvi o que ele tinha a dizer, que partilhei os maiores momentos de loucura, que disse coisas que nunca pensei dizer ou fazer. Encontrei nele um amigo para a vida, aquele amigo que só vemos nos filmes e nas séries, aquele amigo em que se pode confiar sempre. E apesar de já não estarmos juntos tantas vezes quanto desejaria, penso nele cada vez que alguém não percebe aquela piada ou aquela frase que ele apanhava logo á primeira ou que até dizia ao mesmo que eu. Tenho saudades de todas aquelas piadas que só nós percebíamos. Agora que estou no ensino superior, é dele que sinto falta todos os dias, daquela companhia de todos os dias, com que partilhava grande parte do meu dia e que mal podia esperar para ver no dia seguinte. Tenho saudades dele todos os dias. E apesar de podermos morar a quilómetros e quilómetros de distância e de mudarmos ao longo dos anos, não vou deixar que esta amizade se perca. O meu melhor amigo chama-se João. I love you, man.

inverno

Odeio o inverno. Odeio o frio, o vento, a chuva, o granizo e termos de andar sempre cheios de roupa. Odeio as constipações, os lenços de papel e o nariz vermelho de fio e de tanto assoar. Odeio ter de me embrulhar em mantas para me sentir bem, os arrepios pela espinha acima cada vez que o frio toca no fundo das costas quando a camisola não tapa tudo ao baixar-nos. Odeio o mau humor, o cabelo e a roupa molhados porque me esqueci da sombrinha em casa. Odeio que o meu carro já idoso não pegue porque está muito frio ou porque apanhou muita humidade. Odeio os dedos frios dos pés e das mãos, o peso de todos os cobertores em cima de mim quando me deito na cama. Odeio o mau isolamento da minha janela que deixa entrar o frio da serra pelas brechas e que faz com que o radiador esteja ligado para nada porque o ar frio é frio demais. Odeio olhar pela janela e ver a rua cheia de poças, odeio ver a chuva a cair e saber que não posso ir para a rua. Odeio quando se criam mini-tempestades (ou grandes, conforme o caso) quando o vento se conjuga com a chuva e o som que o vento faz contra a minha janela me assuste porque parece que vai rebentar com a persiana e o vidro e fazer entrar toda a chuva. Odeio ter de recear que esteja a chover demasiado e que possa haver inundações. Odeio este momento em que escrevo e que olho para a minha janela e vejo uma chuva torrencial na rua e sinto o frio em todo o meu corpo. Odeio saber que o meu pai abusa na velocidade de vez em quando e me preocupo dez vezes mais quando anda sozinho de manhãzinha ou á noite e chove porque tenho medo que o carro despiste. Odeio ter de pensar que não posso trazer o carro para a serra porque pode não pegar na sexta-feira devido ao frio e á chuva. Odeio ter de carregar com a sombrinha que ou é demasiado grande e é incómoda de levar para todo o lado ou é pequena e quando a ponho dentro da mochila, molha-me os livros e os cadernos por baixo, criando manchas que fazem parecer que tenho livros velhos ou que não me preocupo com o bom estado das minhas coisas. Odeio as pessoas que dizem que adoram o inverno porque neva e podes ir brincar para a rua, enquanto se “esquecem” de referir o frio de rachar que por vezes nos impede até de sair do sofá porque o corredor não tem radiador e a diferença entre os quartos e o corredor nos faz arrepiar e ter de andar a correr para divisões quentes. Odeio pensar que noutra parte do mundo é verão e aqui tenho de me contentar com o olhar para a chuva. Odeio cachecóis e gorros porque me fazem nós no cabelo. Odeio luvas porque agarram todo o pó e cabelos, o que faz parecer com que sejam velhas e sem piada. Odeio quando o vento passa por baixo da sombrinha aberta e faz com que fique toda despenteada. Odeio não haver calor. Odeio ter de ficar com a torneira da água quente sempre ligada porque está demasiado frio enquanto tomo banho, implicando maior conta de água e gás. Odeio ter de pensar todas as manhãs se está frio ou não durante todo o dia, para poder escolher a quantidade de roupa que terei de usar. Odeio as pingas de chuva que ficam no fundo da janela e que quando secam acumulam o pó da rua e tornam a janela suja. Odeio ter de ficar á espera que a chuva pare para poder sair de casa, apesar de saber que não vai parar e que vou chegar atrasada e com os pés e calças encharcados porque o vento decidiu empurrar a chuva na minha direcção. Odeio ver pessoas conhecidas passar de carro por mim e eu ter de ir a pé para onde quero ir. Na opinião deste bago de arroz, odeio o inverno.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ridículo

Ahah. (Por favor, tenham em conta que quando digo "adoro" estou a ser irónica.) Adooooro ver programas com histórias chocantes e diálogos super profundos e sentimentais. Não há nada como ver alguém a escrever uma carta e o que está a ser escrito ouve-se em voz off, uma coisa muito profunda e sentimental. Adoro aqueles diálogos em que as personagens principais se confrontam e dizem tudo aquilo que lhes vai na alma, que não podem ficar juntos porque o irmão dela é primo da vizinha do outro que tem um filho com o sobrinho da prima da avó dele. Todos aqueles enredos super complicados e que no fim acabam sempre por dar no mesmo: ele fica com ela e todas as personagens que se odiavam durante os programas acabam por ser os casais no fim. Por isso é que não vejo novelas. São sempre a mesma porcaria, por mais diferente que seja a história, o enredo e o fim é sempre a mesma porcaria. Odeio novelas.Odeio que haja canais que passam 47 mil novelas umas a seguir ás outras e temos de esperar horas e horas para podermos ver aquele filme que dá ás tantas da madrugada por causa da porcaria das novelas. Odeio que ocupem o tempo de televisão em que podiam estar a passar séries aclamadas e de qualidade que decidem passar ás 4h da madrugada, depois dos programas que NINGUÉM VÊ em que se liga para lá para ganhar dinheiro. Só para verem a quantidade de pessoas que vêm estes programas, ligaram para lá e a apresentadora já conhecia a pessoa pela voz, tal não foi a quantidade de vezes que o raio da pessoa foi a única que ligou para lá. Porque não ocupar aquelas horas desperdiçadas em novelas com séries premiadas, de culto, que possam servir para mostrar o que é produção de qualidade? Esta é a opinião irada de um bago de arroz!

Influências

Toda a gente diz que quando está com um certo tipo de humor ouve um certo tipo de música. Por exemplo, quando está triste, ouve músicas calmas e deprimentes; quando está zangado(a), ouve músicas com muita batida e letras iradas (adoro esta palavra.); quando está contente, ouve música para saltar, com letras de amor ou inspiradoras; e por aí fora... Eu não. Eu não ouço música quando estou num certo tipo de humor. É a música que me põe assim. Considero-me um folha branca cada vez que abro o iTunes. Estou numa zona completamente nula antes de ouvir qualquer tipo de música. E é á medida que começo a ouvir aquela conjugação de sons e vozes que moldo o humor do dia. E normalmente fico assim para o resto do dia, a não ser que ouça uma outra música que me consiga mudar o temperamento.
E aquela sensação de ficar com uma música na cabeça TODO O DIA? É horrível! Já cheguei a ter a música da Heidi, do Dragon Ball GT, dos Anjos... Enfim.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Retrospectivas

2009 foi um ano de mudanças para mim. Definitivamente.
Foi em 2009 que passei a ser "maior de idade", apesar de não ligar muito a idade e rótulos a que elas se aplicam;
Foi em 2009 que tirei a carta de condução. Para mim, foi óptimo. É um sinónimo de independência na minha opinião, poder ir para qualquer lado sem depender de ninguém...;
Foi em 2009 que entrei para a universidade, entrei no curso que queria e fiz novos amigos;
Foi em 2009 que comecei a "abraçar" o meu lado feminino, a andar de saltos e saias (sim, porque até agora era ténis e calças todos os dias. Agora ainda os uso mas gosto de variar);
Foi em 2009 que comprei o portátil que queria há tanto tempo. Foi óptimo para mim, é bom ter algo que é só nosso, onde guardamos as nossas coisas sem nos preocuparmos com que os outros possam ver algo que nao queremos;
Foi em 2009 que me tornei ainda mais próxima dos meus antigos amigos;
Foi em 2009 que vi filmes que mudaram a minha vida;
Foi em 2009 que vi os Kaiser Chiefs ao vivo com o meu melhor amigo;
Foi em 2009 (quase 2010) que passei de ano da melhor maneira;
2009 foi um dos melhores que já tive. É apenas a opinião de um bago de arroz...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Caridade

Ontem, ao dar um passeio pela cidade, deparei-me com um sem-abrigo que pedir esmola. Desembolsei uma nota e uns trocos que tinha na carteira e pu-los num copo grande de Coca-Cola vazio que estava em frente aos seus pés mal tapados pelas meias esburacadas e pelos all-Star claramente usados por alguém que os havia deitado no lixo e que este indivíduo decidiu que seria um bom aconchego aos seus pés com certeza frios. O som que as moedas fizeram no fundo do copo deu a entender claramente que não foi muita gente que havia parado ali. Ou isso, ou o senhor havia retirado as moedas que lhe haviam sido dadas do copo para dar a ideia de que não era muita a caridade a ser vista por aquela zona. Sempre preferi manter a inocência. Sempre preferi ter a ideia de que contribuia para a compra de pão e alimentos e não para a compra de drogas, contribuia para a compra de roupas para os filhos ou para eles próprios e não para a compra de armas. Sempre fui muito inocente nestes assuntos. Há uns tempos, estava a comprar um bilhete para do metro e um individuo abordou-me e pediu-me 0,75€ que lhe faltavam para o bilhete do metro. Fiquei com pena do senhor e dei-lhos. Assim que me fui embora, a amiga que estava comigo disse-me "estás parva!? acabaste de lhe dar dinheiro para as drogas!" e, apesar de saber que lá no fundo ela estava certa, preferi pensar que este dinheiro era mesmo para o bilhete. Acho piada aquelas pessoas que passam na rua e conseguem simplesmente olhar firmemente para o horizonte e ignorar todos aqueles que pedem ajuda. Acho que são esses que lá no fundo gritam desesperadamente por socorro. Mas isto é apenas a opinião de um bago de arroz...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sorte

Sabem aquela sensação de que tudo vos corre bem num dia? Há lugares bons para estacionar, passas um dia com boa companhia, não há filas no trânsito, sentimo-nos bem connosco próprios... É bom. Hoje foi um desses dias.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Acordo ortográfico

Acho incrível este novo acordo ortográfico. E não no bom sentido. Não basta já ser bastante visível e verificado por diversas pessoas (eu incluo-me nesse grupo...) que os cidadãos portugueses se estão a desligar muito das suas raízes, está a ser perdida a paixão pela pátria, pela terra-mãe... Há gente que nem o hino nacional sabe! Não basta já estar este espírito a desvanecer-se como vieram agravá-lo. Todas aquelas letrinhas "surdas" que se usam no nosso dialecto era uma das coisas que nos separava, por exemplo do povo brasileiro. Não que tenha nada contra o Brasil, muito pelo contrário, acho que os brasileiros são um povo bastante amigável e orgulho-me de dizer que tenhos vários amigos brasileiros. Mas é-me muito difícil assimilar que nos está a ser retirada uma parte de nós. Da minha parte, por mais que me digam, vou continuar a ser old school, com todas as letrinhas onde devem estar. Ninguém me tira isso, não não. Mas é apenas a opinião de um bago de arroz...

Inspiração

É-me um tanto ou quanto complicado aceder ao meu centro inspiracional para conseguir escrever alguma coisa que diga algo ás pessoas. You know, como se vê nos filmes... Acho espantoso como algumas pessoas (vá, personagens... Uau, nunca me tinha apercebido que todos os meus exemplos se baseiam em filmes ou séries... Triste. Dá pra reparar que as experiências pessoais faltam. Em demasia até.) conseguem chegar a casa e dirigir-se rapidamente ao seus portáteis ou diários para desabafarem com eles próprios ou com o mundo e tornar esse desabafo algo que possa ser exemplo para alguém ou lição para eles próprios. Por exemplo, eu tenho uma amiga (sim, mesmo uma amiga, não uma personagem fictícia. E também não é aquela cena do tipo "ai uma amiga minha..." enquanto se está a falar de si próprio.) que quando está triste, deprimida, alegre ou algo fora de normal lhe aconteceu, escreve no seu blog. E devo dizer que escreve maravilhosamente. Acho impressionante como consegue canalizar as suas experiências em palavras que realmente nos tocam lá no fundo. Comigo nunca foi assim. Sempre me baseei em palavras banais, sentimentos superficiais, pouco profundos. E sempre que começo a entrar no espírito de querer "desabafar", perco a vontade e o interesse e deixo as tarefas a meio. Acho que isso é normal comigo, tenho esse hábito. Mas que posso eu dizer!? É apenas a opinião de um bago de arroz...