segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

inverno

Odeio o inverno. Odeio o frio, o vento, a chuva, o granizo e termos de andar sempre cheios de roupa. Odeio as constipações, os lenços de papel e o nariz vermelho de fio e de tanto assoar. Odeio ter de me embrulhar em mantas para me sentir bem, os arrepios pela espinha acima cada vez que o frio toca no fundo das costas quando a camisola não tapa tudo ao baixar-nos. Odeio o mau humor, o cabelo e a roupa molhados porque me esqueci da sombrinha em casa. Odeio que o meu carro já idoso não pegue porque está muito frio ou porque apanhou muita humidade. Odeio os dedos frios dos pés e das mãos, o peso de todos os cobertores em cima de mim quando me deito na cama. Odeio o mau isolamento da minha janela que deixa entrar o frio da serra pelas brechas e que faz com que o radiador esteja ligado para nada porque o ar frio é frio demais. Odeio olhar pela janela e ver a rua cheia de poças, odeio ver a chuva a cair e saber que não posso ir para a rua. Odeio quando se criam mini-tempestades (ou grandes, conforme o caso) quando o vento se conjuga com a chuva e o som que o vento faz contra a minha janela me assuste porque parece que vai rebentar com a persiana e o vidro e fazer entrar toda a chuva. Odeio ter de recear que esteja a chover demasiado e que possa haver inundações. Odeio este momento em que escrevo e que olho para a minha janela e vejo uma chuva torrencial na rua e sinto o frio em todo o meu corpo. Odeio saber que o meu pai abusa na velocidade de vez em quando e me preocupo dez vezes mais quando anda sozinho de manhãzinha ou á noite e chove porque tenho medo que o carro despiste. Odeio ter de pensar que não posso trazer o carro para a serra porque pode não pegar na sexta-feira devido ao frio e á chuva. Odeio ter de carregar com a sombrinha que ou é demasiado grande e é incómoda de levar para todo o lado ou é pequena e quando a ponho dentro da mochila, molha-me os livros e os cadernos por baixo, criando manchas que fazem parecer que tenho livros velhos ou que não me preocupo com o bom estado das minhas coisas. Odeio as pessoas que dizem que adoram o inverno porque neva e podes ir brincar para a rua, enquanto se “esquecem” de referir o frio de rachar que por vezes nos impede até de sair do sofá porque o corredor não tem radiador e a diferença entre os quartos e o corredor nos faz arrepiar e ter de andar a correr para divisões quentes. Odeio pensar que noutra parte do mundo é verão e aqui tenho de me contentar com o olhar para a chuva. Odeio cachecóis e gorros porque me fazem nós no cabelo. Odeio luvas porque agarram todo o pó e cabelos, o que faz parecer com que sejam velhas e sem piada. Odeio quando o vento passa por baixo da sombrinha aberta e faz com que fique toda despenteada. Odeio não haver calor. Odeio ter de ficar com a torneira da água quente sempre ligada porque está demasiado frio enquanto tomo banho, implicando maior conta de água e gás. Odeio ter de pensar todas as manhãs se está frio ou não durante todo o dia, para poder escolher a quantidade de roupa que terei de usar. Odeio as pingas de chuva que ficam no fundo da janela e que quando secam acumulam o pó da rua e tornam a janela suja. Odeio ter de ficar á espera que a chuva pare para poder sair de casa, apesar de saber que não vai parar e que vou chegar atrasada e com os pés e calças encharcados porque o vento decidiu empurrar a chuva na minha direcção. Odeio ver pessoas conhecidas passar de carro por mim e eu ter de ir a pé para onde quero ir. Na opinião deste bago de arroz, odeio o inverno.

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