segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Partilha

Há certa de 3 anos, entrei para o ensino secundário. Conhecia apenas os meus colegas do ensino básico e continuei na companhia daqueles que foram para a mesma escola que eu. Penso que de início não me encaixava na minha turma, considerava os meus colegas um pouco convencidos e como já todos se conheciam, sentia-me posta de parte visto não conhecer ninguém na minha turma. Confesso que não faço amigos facilmente. Requer muito tempo, paciência e a pessoa em questão tem que partilhar a maior parte dos meus ideais. Uau, será que sou daquelas pessoas que tem uma lista e só se permite aproximar de alguém caso vá de encontro a maior parte dos seus requisitos? Acho que não, apenas penso que, como qualquer pessoa, fazemos amizades com quem nos identificamos e que partilha os mesmos interesses que nós próprios. Anyway, lembro-me perfeitamente de uma aula de matemática em que tínhamos que fazer grupos e conjugar umas peças de modo a criar algo que já não me recordo (contradição?), fiquei com duas colegas e um colega que já se conheciam e portanto senti-me um pouco de fora do “projecto”. Viria o destino vir a sentar-nos juntos muitas vezes nas aulas, referindo-me ao colega. Foi a primeira pessoa (talvez tenha havido simpatia por parte de outros colegas mas considero este meu colega o primeiro) que falou comigo. Pediu o meu endereço de e-mail e pensei “parece que afinal já não vou ser anti-social até ao fim do ano”. Apesar de não ter expressado alguma emoção parecida, fiquei extasiada com este pedido. Finalmente havia alguém que se interessava em mim! Os dias passaram, as conversas foram acontecendo e os interesses foram partilhados. Este meu colega mostrou-me coisas que até então me eram totalmente desconhecidas, mostrou-me coisas que ainda hoje estão sempre comigo. Apresentou-me aos seus amigos (também meus colegas de turma), alguns dos quais foram a minha companhia durante os todos os meus anos no ensino secundário, amigos que nunca irei esquecer, aqueles que nos ficam na memória. Foi este meu colega que me deu horas de alegria com conversas sobre séries, música, filmes, pessoas, até á mais estúpida parvoíce. Com o passar dos anos, tornámo-nos muito próximos. Partilhámos coisas íntimas, coisas que apenas nós os dois sabemos sobre o outro. Coisas que fazem deste meu amigo a pessoa que talvez me conheça melhor. Foi ele que sacrificou horas de sono matinais para poder fazer-me companhia nos tempos em que tínhamos furos no horário. Foi com ele que fiquei até às 6h da manhã á espera do comboio e que bebemos suminho de laranja na casa da tia dele e que falámos de coração aberto, sem preconceito, indiscrições ou vergonha do que o outro pode pensar. Foi com ele que dei as maiores gargalhadas, que tive as conversas mais sérias, que desabafei e ouvi o que ele tinha a dizer, que partilhei os maiores momentos de loucura, que disse coisas que nunca pensei dizer ou fazer. Encontrei nele um amigo para a vida, aquele amigo que só vemos nos filmes e nas séries, aquele amigo em que se pode confiar sempre. E apesar de já não estarmos juntos tantas vezes quanto desejaria, penso nele cada vez que alguém não percebe aquela piada ou aquela frase que ele apanhava logo á primeira ou que até dizia ao mesmo que eu. Tenho saudades de todas aquelas piadas que só nós percebíamos. Agora que estou no ensino superior, é dele que sinto falta todos os dias, daquela companhia de todos os dias, com que partilhava grande parte do meu dia e que mal podia esperar para ver no dia seguinte. Tenho saudades dele todos os dias. E apesar de podermos morar a quilómetros e quilómetros de distância e de mudarmos ao longo dos anos, não vou deixar que esta amizade se perca. O meu melhor amigo chama-se João. I love you, man.

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