domingo, 18 de abril de 2010

Dias Não

Sabem aqueles dias em só pensam "Porque é que eu saí da cama?" ? São do pior. Parece que toda a gente nesse dia é defensora do "dia-internacional-de-me-chatear-por-tudo-e-por-nada". Pode começar pelo mais pequeno pormenor como o despertador não tocar ou não haver leite no frigorífico. Parece que é aquele pequeno detalhe que vai despoletar uma cadeia de eventos que nos vão massacrar até á hora em que enfiamos a cabeça na almofada na esperança de acordar num novo dia diferente deste.
É aquele acordar preguiçoso que nos custa tanto, a diferença de temperatura entre o quarto e os lençóis que nos faz tiritar e baixar o grau de humor que irá definir o dia. É aquela camisola que pensava em vestir e que não se encontra e que depois é descoberta no meio da roupa suja que nos esquecemos de pôr a lavar. É a manteiga que se acabou e então come-se pão com pão, porque o leite também se acabou e não se pode fazer sopas de pão. É o sair de casa atrasado porque ficámos demasiado tempo á procura da camisola e tivemos de experimentar umas poucas até achar um conjunto camisola-calças-ténis que ficasse bem conjugado e porque o cabele decidiu dificultar-nos a vida nesse dia e ficou aquela pontinha espetada que insiste em não ser domada pelas carradas de laca e gel que já empastam aquele bocadinho de cabelo. É perder-se a boleia e o autocarro porque saimos de casa atrasados e temos de nos contentar com o passo apressado pela rua acima, ofegantes e com a vestimenta a ficar maltrapilhada porque a mochila roça na camisola e puxa-a para cima. É chegar á escola com o nariz e as bochechas mais vermelhos que um tomate e ainda ficar a respirar fundo quando nos sentamos nas cadeiras, fazendo com que toda a gente olhe para nós. É aquela resposta torta do professor e o gozo dos colegas porque respondemos mal a uma questão ou porque a caneta que estávamos a morder se rebentou e ficámos com a boca azul ou porque o telemóvel tocou ou porque as pastilhas cairam do bolso e se espalharam todas pelo chão da sala. É haver uma fila enorme no bar, estarmos esfomeados porque ao pequeno-almoço comemos pão-com-pão e já passar da hora de entrada para a aula seguinte. É o facto de o professor nos fazer sair mais tarde porque tinha muita matéria para dar e já cheirar á comida do refeitório porque já é hora de almoço. É não haver aquela sobremesa que queremos porque quem está á nossa frente na fila levou a última. É espalhar o arroz pela mesa e pelos tabuleiros dos colegas porque o bife era duro, fizemos muita força para o cortar e a faca escorregou. É não conversar na hora do café depois de almoço porque o assunto que está a ser discutido não nos diz respeito ou não percebemos muito do assunto. É ficarmos chateados com os nossos amigos pelas coisinhas mais estúpidas de sempre, ás vezes até por coisas que fazemos todos os dias mas que hoje em particular nos incomodaram .É ir para casa sozinho e ser seguido por um cão que não pára de rosnar e nos quer morder. É chegar a casa encharcado porque estava sol de manhã e começou a chover e não levámos guarda-chuva. É querer tomar banho mas a água estar a faltar. É querer jantar mas não nos apetecer nada do que temos no frigorífico ou na despensa. É querermos sair á noite mas não termos dinheiro e termos de ficar em casa ou a estudar ou a ver um filme, sozinhos, tendo noção da tristeza e decadência do facto de estarmos sozinhos enquanto toda a gente está na rua a divertir-se.
E é então chega a tão desejada hora. Aquela em que o cansaço de um dia stressante e rabugento nos ataca de tal forma que o corpo descai na cama de uma forma tão perfeita que achamos que é mentira. "Hmmmm, sabe mesmo bem." É a única coisa de que estamos certos neste dia. Fechamos os olhos e sonhamos, sonhamos, sonhamos... Toca o despertador. Sim, ele tocou. Parece que afinal o novo dia já é um pouquinho melhor.

1 comentário:

  1. Damn, hoje tive um dia assim.. que aliás, ainda está a decorrer. Sabe que mais!? Vou tomar um banho, pode ser que finalmente aqueça da molha que apanhei e que relaxe, espero que a agua nao falhe hoje. A ver vamos. Enfim *

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